A partir
de agora a população será apresentada à mais nova mentira da
política nacional: a inauguração dos estádios da Copa -- em sua esmagadora maioria (honrosas exceções para gremistas e palmeirenses) financiadas com fartos recursos públicos. Obras
gigantescas, moderníssimas, nos dão a impressão de que “sim, o
Estado funciona quando quer”. Com grandiosidade e tecnologia, quem
há de dizer que a gestão pública é sempre ineficiente e atrasada?
Gasta-se alguns milhões a mais (sim, seria muita ingenuidade pensar
que tudo é perfeito), mas vale a pena!
Mera
ilusão.
Primeiro,
é preciso que se diga: sim, o Estado pode ser eficaz. Existem
milhares de exemplos no mundo onde os diversos governos provaram sua
capacidade de atingir um determinado objetivo. Um exemplo bastante emblemático foi o lançamento do primeiro homem ao espaço,
realizado em 1961, pelo governo da então União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. Naquele tempo, como sabemos, os Estados
Unidos e a URSS disputavam a hegemonia do mundo sem confronto direto.
E um país cuja economia era socialista, quase completamente planejada
por um governo totalitário, levava o primeiro de nossa
espécie aos espaços siderais. Pouca coisa? Claro que não.
Mas uma
observação mais cuidadosa nos mostra aspectos relevantes de
tais realizações. Enquanto Iuri Gagarin fazia seu passeio por sobre
o planeta, seus compatriotas soviéticos lançavam as bases do que
viria a ser o apogeu econômico do país. Com um planejamento
centralizado e dirigido, mas inerte às reais necessidades da
população, insensível ao lucro, e no qual o sistema de preços não
poderia exercer sua principal função (que é o de informar aos
agentes o quanto, quando, onde e como algo está sendo demandando e
produzido) a economia daquela grande nação, tão exemplarmente
dotada de recursos naturais e humanos, entra em colapso duas décadas
depois.
Enquanto
isso, do outro lado do mundo, o american way of life, além de
foguetes e armas (ninguém é perfeito), produzia também
liquidificadores, geladeiras, fogões, automóveis, telefones,
rádios, e depois televisores e computadores pessoais. Além, é
claro, de alimentos, roupas, remédios, casas, etc. Tudo isso para
uma classe média que não parava de crescer. E o mais interessante é
que não houve nenhum projeto governamental unificado, centralizado e
dirigido para promover tão vasto crescimento. Somente um
cenário onde os homens poderiam trabalhar livremente, e auferir os
ganhos de esforço pessoal. Thomas Edison, Henry Ford, Michael Dell,
entre dezenas de outros empreendedores, buscando maximizar seus
lucros, e indiretamente contribuindo para o desenvolvimento de um
país para onde milhares de pessoas migram até hoje em busca de uma
vida melhor.
A
conclusão a que chegamos é de que: sim, o Estado pode ser eficaz.
Ele pode se propôr a atingir um determinado objetivo e poderá
fazê-lo. Pode construir grandes obras, pode produzir tecnologia,
pode até superar, em algum momento, as realizações de uma economia
livre. Mas questão é: até quando? E uma segunda questão seria: e
tais objetivos correspondem aos anseios da nação? A história nos
mostra que os diversos governos, quando se propõem a implementar um
projeto, eles o fazem bem até determinado momento. É relativamente
fácil construir escolas e hospitais. Difícil é mantê-los
funcionando. A gestão pública, por suas caracteristicas intrísecas,
por sua própria natureza, é insensível às informações do
sistema de preços, insensível ao mercado.
O destino
dos estádios da Copa é o mesmo fatídico destino de qualquer escola
ou hospital públicos: primeiro, a insuficiência; depois, a
obsolescência; e por último, o sucateamento. Para evitar isso só
há uma saída: a privatização. Ainda que apenas em parte (como costuma-se fazer: o setor
de lojas, as praças de alimentação, os estacionamentos). Do
contrário, teremos duas dezenas de elefantes brancos no país. Pela
importância que o brasileiro dá ao futebol, muito mais que à
Educação e à Saúde, é possível que pelo menos nesse setor
tenhamos uma economia de mercado livre, ajudando a manter a manada em
sua marcha.